CASSETE N° 03


A BUSCA DO EU SUPERIOR

Lado A

Estimado amigo buscador:

Quem és tu?

Quem és?

Quem és?

Quem?

Eu.

Quem sou eu?

Quem sou eu?

Quem é esse que fala?

Tu, quem és?

Quem é esse que escuta?

Quem é esse que articula as palavras?

Quem és?

Quem sou eu?

Quem sou eu?

Tu o sabes amigo?

Tu sabes quem sou eu?

Tu sabes quem és?

Faz a pergunta, pergunta a ti mesmo:

Quem sou eu?

Faz a pergunta a ti:

Quem és?

Quem sou eu?

Quem é esse que fala e quem é esse que escuta?

A melhor resposta que virá a ti será a mesma que veio a mim, a que veio é que quem fala “sou eu”, mas...

Quem sou eu?

Acaso sou fulano de tal?

Isso é verdade?

É verdade que sou meu nome?

Assim me chamam... mas esse sou eu? Ou será que assim chamam meu corpo, minha figura, minha imagem. Cada vez que alguém a vê e alguém me conhece, me diz: “Aí está fulano!” Mas o que significa isso para mim? O fato que me digam que eu sou fulano, isso não me satisfaz.

E a ti satisfaz?

Satisfaz a ti saber que és fulano de tal?

Tu sabes que não és fulano de tal e sabes que não és teu nome. Então penso e digo:

Bem, acaso eu sou meu corpo?

Eu sou meu corpo?

Eu estou em meu corpo?

Meu corpo está em mim?

Eu sou esse corpo?

Realmente, não sei! Trato de investigar e o primeiro que me vem à mente é que quando esse corpo vai dormir, deita-se na cama, fecha os olhos e perde os sentidos, eu digo que “eu durmo”. Mas, no dia seguinte, ao amanhecer, digo que despertei e digo que dormi.

Como é isso?

Se dormi, como posso saber que dormi?

Se eu fosse meu corpo, não poderia saber. Então, a conclusão que surge em minha mente é que...

Acaso, eu sou a mente? Bem, vejo que posso fechar os olhos e ir com a mente a lugares muitos longe, no entanto meu corpo fica aqui. Isso quer dizer que eu não sou meu corpo, pode ser que meu corpo esteja em mim ou que eu esteja em meu corpo, mas eu não sou o corpo definitivamente. Assim, como se pode cortar a mão de uma pessoa e seu corpo segue, do mesmo modo creio que podem eliminar o corpo e eu sigo.

Mas, quem é esse eu?

Quem sou eu? A mente?

Não pode ser. Uma vez me deram um golpe na cabeça e disseram que perdi a consciência, deixei de estar consciente de meu corpo e do mundo externo. No entanto, aí estava eu em algum lugar e esse eu não era a mente, esse eu tampouco era o corpo físico. Então,

Quem sou eu?

Quem sou eu?

Quem sou eu?

Quem sou eu?

Se eu não sou o corpo, eu não sou a mente, eu não sou o conhecimento tampouco, as vezes me dá a impressão que eu sou o conhecedor, aquele que me conhece. Eu vejo uma árvore e digo: esta é uma árvore, então eu sou o conhecedor da árvore. Logo me dou conta que é esse pensamento que está em mente o que diz: “Essa é uma árvore”. E vem da memória, porque se jamais houvesse visto uma árvore não a haveria reconhecido.

Quando era criança não sabia sobre muitas coisas. Via coisas totalmente novas e não sabia o que eram. Alguém me dizia: “Olha, isso é um liqüidificador”. Então se arquivava esse conhecimento em minha memória. Logo o recordava, mas eu não era esse conhecimento e tampouco era o conhecedor.

Então, quem sou eu?

Se não sou a mente, se não sou o conhecedor, se não sou o objeto conhecido, se não sou o conhecimento...

Serei eu as emoções?

Aquilo que eu sinto?

Não, não pode ser, porque os sentimentos e os desejos mudam. As vezes sinto fome, logo se vai. A fome não sou eu. Sinto frio, mas o frio não sou eu. Sinto vontade de ver minha noiva, mas eu não sou as vontades. Estou eu e estão as vontades. Quero triunfar. Estou eu e o desejo de triunfar.

Mas, quem é esse eu?

Quem é?

Quem é?

Vou e olho-me no espelho, não olho o rosto, concentro-me na imagem e vejo aí alguém e de repente me assusto, porque esse alguém não se parece ao que eu vejo todos os dias no espelho. Há alguém aí, eu digo.. .

Quem é esse alguém?

Esse sou eu?

Mas que sou eu?

Quem sou eu?

Quem sou eu?

Não chego a nenhuma conclusão, mas isso me intriga tremendamente, estou sumamente intrigado: Por que não sei quem sou?

Não o sei! Não sei quem sou! É terrível!

Devo saber de alguma maneira. Todo o mundo me chama por meu nome, mas eu me surpreendo quando me chamam assim. Sinto que esse não sou eu. Sim, respondo a esse nome mas não sou eu. Perambulo pelas ruas, pergunto, falo com pessoas e dou-me conta que eles tampouco sabem quem sou. É como despertar de um profundo sono, é terrível! De repente dar-se conta que ninguém sabe quem é. Alguns crêem que são seu nome, outros crêem que são seu corpo. Identificam-se com seu corpo, outros com as idéias, outros com suas emoções, outros com suas sensações.

Estão adormecidos!

Totalmente adormecidos!

Não sei, dá-me a impressão que eu não estou adormecido, que é como se houvesse despertado de uma profunda letargia. Durante anos respondi a este nome e durante anos cri que sou minha mente, meu corpo e minhas emoções, e de repente não sei quem sou! Não sei porque estou aqui!

O que faço aqui?

Não sei quem sou?

Trato de me informar e o único que me dizem é:

Conhece-te a ti mesmo!

Conhece-te a ti mesmo!

Conhece-te a ti mesmo!

Bom, começo a conhecer-me a mim mesmo e parto do princípio: primeiro que sou um corpo. Estudo algo sobre o corpo. Sim, sobre a mente, sobre as emoções, mas não me convence, não me satisfaz. Há algo mais, devo sabê-lo, é fundamental, é fundamental que eu o saiba.

Como posso seguir vivendo sem saber quem sou eu?

É terrível!

Tenho que saber!

Tenho que saber!

Tenho que saber!

Investigo, tenho que saber quem sou eu?

De repente me dou conta que não há ninguém que me possa responder quem sou eu?

Minha mãe, meu pai me dizem: “Olha, tu és fulano, filho nosso.” O que me disseram? Não me disseram nada, disseram-me outra vez meu nome. Atrás desse nome, dentro desse corpo, as vezes sinto que há um que é uma pessoa boa, em outro momento faço coisas que não são tão boas. As vezes quero ser bom e não consigo e as vezes quero ser duro e também não consigo. Uma parte de mim, eu não sei como chamá-la, uma parte de mim quer fazer uma coisa, outra quer fazer outra coisa. É como se houvesse uma multidão dentro de mim, é como se existissem centenas de pessoas dentro de mim, que brigam e que cada um quer uma coisa e estão permanentemente em conflito. Uma parte quer estar com a mulher, outra não quer estar e olha aquela mulher que passou num outro dia. Como é possível? Não pode ser eu!!!

Eu percebo que há um montão de eus dentro de mim. Um quer isto, um quer aquilo. Todos são contraditórios e conflitivos e chocam-se entre si, parece que todos estiveram dentro de mim, em algum lugar em minha mente, em meu corpo, em minhas emoções.

Uma amanhã amanheço e digo: “Hoje vou me esforçar, hoje vou fazer todo o possível para que as coisas saiam bem”, e logo outra coisa dentro de mim faz com que as coisas não aconteçam.

Tenho um excelente amigo e sempre quero lhe dizer que o quero muito e o aprecio, no entanto cada vez que o vejo brigamos. Como pode ser isto possível? Se houvesse um, um único que aprecia a João, quem é que briga com João então?

E me volto a olhar no espelho e vejo um desfile, vejo em meus olhos um desfile de eus. Não sei quem deles sou! Eu não sei quem são eles tampouco. É como se eu fosse um , uma ,que contem uma multidão de pessoas. Mas que multidão de pessoas,

Serei eu tudo isso?

Serei eu tudo isso?

Não o sei, não o sei. Aí está o problema outra vez:

Quem é este que diz não sei?

Quem é este que quer saber?

Quem sou eu?

Ë terrível! Quem sou eu?

Quem sou eu?

Quem?

Não há quem me responda tampouco. As pessoas que me conhecem dizem que sou fulano. Isso não funciona, algo anda mal! É como despertar de um terrível sonho, é como abrir os olhos pela primeira vez e dar-me conta de repente que eu sou este corpo e tudo o que contem, toda essa multidão de seres que há dentro de mim, que brigam e lutam, um quer ir pela direita e outro pela esquerda. E dar-se conta de repente, digo: eu e as pessoas, eu e o mundo, eu aqui e agora e João. Digo eu e o corpo, eu e o desejo de saber.

Fecho os olhos, permaneço quieto, observo e vejo minha mente cheia de seres, de pensamentos, de desejos. Então, estou eu e a mente, estou eu e o corpo, estou eu e as emoções, eu e o mundo.

Mas este eu, não sei o que é!

Então, de repente começo a compreender, começo a dar-me conta de que quando olho algo e me identifico com o que vejo, ou seja, se eu vejo passar uma garota e a garota absorve a minha atenção, então esqueço de mim. É como se eu não existisse de repente. Então, dou-me conta que esse estado é como estar adormecido em comparação ao outro que seria de dizer: ”eu, fulano de tal, aqui e agora, estou vendo fulana”. Sim, a isso chamo de estar desperto, a isso chamo de estar desperto! E me dou conta que é sumamente importante, que há uma grande diferença entre os dois estados. Começo a investigar e por ali vejo algo a respeito. Dizem que são diferentes estados de consciência. Que há vários níveis de consciência: um quando a pessoa está dormindo profundamente, sem sonhar nada; há outro quando a pessoa está dormindo, mas sonhando; um outro, quando está em vigília e está olhando a fulana, mas sem recordar-se de si mesmo, e há um quarto estado, que parece ser um estado fabuloso, porque é uma quietude tremenda.

Ou seja, é o estado quando digo “eu, fulano de tal, aqui e agora, estou falando diante do microfone”. Se posso manter esta consciência permanente, é muito difícil que eu cometa algum erro, é sumamente difícil que seja absorvido, que minha atenção seja absorta por algo, que me esqueça de mim mesmo. De repente ainda sem saber quem sou eu, entra em mim uma paz, há uma quietude, há um silêncio.

Quer experimentá-lo? Diga, quem sou eu?

E não trate de responder, observa o que acontece em ti, em tua mente, em teu corpo, em tuas emoções.

Diga, quem sou eu? E fica quieto: Quem sou eu?

Não há resposta, vês? Não há nenhuma resposta, não há quem responda, mas é como se tudo se aquietasse de repente.

Quem sou eu?

Quem?

Mas logo me dou conta que não vivo em um estado de consciência. A noite vou dormir, as vezes sonho e dou-me conta que o sono não é o mesmo que na noite em que durmo sem sonhar. Parecem coisas muito diferentes, inclusive quando não sonho amanheço melhor.

Logo está o estado de dia, o estado de vigília. Vou e saio para meu trabalho às 8 e de repente me meto em minhas ocupações e levanto a cabeça de 12 à 1 e dou-me conta que me esqueci de mim mesmo durante 4 horas, estive submerso em minhas ocupações, esqueci-me de mim mesmo. Estive identificado com tudo o que fazia e dou-me conta que por estar identificado com o que fazia, discuti com fulano, estive em desacordo com sicrano, agradei-me , coisa que normalmente não sucede. Mas agora desperto, agora digo: “Eu aqui e agora, estou diante do microfone.” Não sou minha mente, uma vez que posso observar seus movimentos. Não sou meus desejos, porque posso ver como surgem, tampouco sou meu corpo físico. Estou eu sem saber quem sou.

Dou-me conta que há uma tremenda diferença entre esses estados, uma tremenda diferença. Então, dou-me conta que quando estou desperto, ou seja, quando eu estou consciente do “Eu, aqui e agora, estou fazendo tal coisa”, dou-me conta que eu posso observar como eu, o Eu meu, o Eu que está desperto, o que diz “Eu, aqui e agora”, vê o corpo fazer tal coisa e pode fazer com muita precisão, mas não demora, é rapidíssimo, porque tudo atrai minha atenção e volto outra vez ao estado de identificação.

Ah! Se eu pudesse manter este estado!!! Eu creio que se pudesse manter esse estado de uma maneira mais ou menos permanente, se pudesse manter a atenção sobre mim mesmo e sobre o que eu faço, o que eu observo, seria uma atenção dupla, ou seja “Eu, aqui e agora, estou falando, estou consciente do Eu e do que está falando”, “Estou consciente do Eu e do que está falando”.

Faz tu mesmo, diga “eu, aqui e agora, escuto”. Está o eu e está o que escuta. Dou-me conta que essa é uma grande chave para conhecer-se a si mesmo, pois quando eu estou nesse estado, quando eu estou desperto, vejo o que acontece em minha mente, observo-a, como observar em uma tela. Fecho meus olhos e vejo todos os pensamentos e vejo que não são meus pensamentos e noto imediatamente que a mente é muito rebelde, que através dos cinco sentidos, se abro os olhos, qualquer coisa atrai minha atenção e perco a consciência de mim mesmo, esqueço-me de mim mesmo, abaixo de nível.

Então dou-me conta que uma das coisas mais importantes que há, primeiro despertar, despertar da letargia da vida, já não viver identificado com todas as coisas. Então compreendo o que dizem os mestre.

Primeiro, há que despertar, dizem Desperta! Vigília!

Agora compreendo o significado do que eles diziam e dou-me conta que somente os homens que estão adormecidos são os que ...são os inconscientes, os que cometem atos de violência, os que fazem todas as barbaridades que há neste mundo.

Eu sou um deles, porque quando eu estou adormecido eu também faço isso, também faço um montão dessas coisas quando estou adormecido, estou sendo manejado. Algo me impulsiona a fazê-lo, mas não posso detê-lo porque não estou consciente.

Agora dou-me conta! Se eu vou aonde João está e eu digo: ”Vou dizer ao João que o aprecio muito”. Se posso manter esse estado, então sim, posso dizer-lhe. No entanto, se não posso manter esse estado, ao encontrar João, qualquer coisa que ele me disser pode atrair minha atenção e esqueço-me... Então, dou-me conta que a Consciência é memória. Sim, a Consciência é memória, uma classe muito especial de memória.

Lado B

O que me pode despertar da identificação com os estados, o corpo ,os apetites, os desejos, os pensamentos, as idéias, o trabalho, a mulher? Se podem me despertar, tomo consciência de mim mesmo, tomo consciência de mim mesmo. Estarei separado do conjunto do corpo, da mente, das emoções, dos desejos, do mundo.

Então estarei Eu, não importa ainda se o sei ou não, porque neste estado de desperto posso observar o que há dentro de mim, o que sucede em minha mente, posso observar aquelas multidões que há dentro de mim e estou mais alerta, estou mais vigilante. Mais vigilante estou.

Muitas coisas deixariam de me acontecer na rua, supostamente que sim! Estar desperto, estar consciente de mim mesmo e do mundo. Estar consciente de mim mesmo e de minha mente, de minhas emoções, de meu corpo.

Que fabuloso! Estar consciente do que passa por minha mente, o poder eleger entre pensamentos que não são verídicos e idéias verdadeiras. Ter a possibilidade de discernir, ter a possibilidade de não apegar-me, de não identificar-me às coisas.

Dou-me conta que quando estou consciente de mim mesmo, até se me insultam, dou-me conta que não me ofendo, porque me dou conta que estão insultando ao eu, ao eu que está de turno em mim, ao eu que se comportou mal, mas que não SOU EU.

Recordar-me de mim mesmo, QUERO RECORDAR-ME DE MIM MESMO, QUERO RECORDAR-ME DE MIM MESMO.

As pessoas, necessito pessoas. Ah! Mas aqui me encontro com outro problema, um tremendo problema em que me encontro, muito grande. Para que as pessoas me despertem, devem recordar que devem despertar-me, devem estar despertos eles mesmos. Eu não conheço pessoas despertas! Todas as pessoas que eu conheço crêem que estão conscientes e que são conscientes de si mesmo, e até certo ponto eu os compreendo, porque eu também cria que estava consciente, até que descobri o que era estar consciente.

Alguém vem e te pergunta: “Tu estás consciente?” Automaticamente te estás recordando estar consciente. Então, tu lhe dizes “Claro que sim”. Ninguém pode dizer se alguém está consciente ou não, isso é uma questão muito interna.

Alguma vez, no seu trabalho te esquecestes de ti mesmo, e submergiu durante horas e horas? Sim, é um grave problema.

Primeiro, não sei quem sou, logo vejo que eu me confundo com minha mente, com meus pensamentos, com meus desejos, com meus apetites, com minhas sensações, com meu corpo e quando vou a rua, minha atenção está sendo atraída por todas as coisas e esqueço-me de mim mesmo.

Isso se chama estar adormecido. Sim! Estar adormecido. É terrível!. Logo dou-me conta que não há quem me diga:

Quem sou eu?

E de onde saiu todos esses eus que há dentro de mim?

Como é que chegaram à existência? Há um em mim que se encanta por fumar. Eu quando estou consciente de mim mesmo, sei que não se deve fazer isso. Então...

Quem é esse que fuma?

Não pode ser eu, posso chamá-los de hábitos, mas os hábitos também são eus. Porque quando estou adormecido eu digo “Dá-me um cigarro”, fumo-o e digo que eu gosto de Belmont ou Astro.

Essa é a grande diferença entre o estar adormecido e estar desperto, e dou-me conta da tremenda importância de despertar definitivamente, de lograr recordar-me de mim mesmo, muitas vezes ao dia. Dou-me conta que necessito uma ou mais pessoas que estejam permanentemente despertas. Necessito encontrar-me com essas pessoas, deve existir, não posso ser o único que está despertando.

Logo dou-me conta da tremenda importância da memória. A memória, porque é a que permite recordar-me de mim mesmo, uma memória muito especial. Não é a memória de guardar um número telefônico. Não, não, não....É muito mais poderoso, muito mais poderoso. Tremendo problema que tenho! Mas no fundo começo a compreender, começo a encontrar certo sentido da vida, porque quando eu estou desperto, quando estou consciente de mim, isso quer dizer quando eu digo “Eu aqui e agora, estou parado aqui no mundo”. Então dou-me conta que deve haver alguma razão pela qual eu estou aqui, uma razão muito poderosa. Não posso haver chegado aí assim, de pára-quedas. Não!!!

E quando estava adormecido ou seja, quando estava identificado com todas as coisas, crendo-me fulano, crendo-me meu corpo, tudo era muito natural, era muito natural que eu estivesse lá, porque era filho de meu pai, de minha mãe, sou engenheiro e todas essas coisas. Mas quando estou desperto e consciente do EU aqui e agora e quando me recordo de mim mesmo, imediatamente encontro que deve haver uma razão pela qual eu estou aqui, deve haver uma razão muito importante para minha existência e devo descobri-la, devo saber quem sou eu?

Quem sou eu?

O que sou eu?

De onde venho?

Para onde vou?

Onde estou parado?

O que se supõe que devo fazer nesta vida?

E dou-me conta que a chave para saber tudo isso é ESTAR DESPERTO!!!

Primeiro tenho que estar desperto, porque estando desperto e consciente do Eu aqui e agora, quando me recordo de mim mesmo, posso encontrar respostas. Posso encontrá-las dentro de minha mente, inclusive porque estou EU e está minha mente. Eu posso pedir a mente, como se lhe pedisse a qualquer computador, e minha mente contém também os arquivos de memória.

Claro que sim!!! Claro que sim!!!

Então, quando eu estou desperto e consciente, eu olho o espelho e aí digo “Eu aqui e agora” e concentro minha atenção sobre a olhada no espelho. Então digo “eu aqui e agora” e vejo uma tremenda diferença em relação a outra experiência. Antes, eu chegava frente ao espelho olhava e dizia:

Quem é esse que está ai?

Quem é esse que está ai?

Quem é esse que olha?

Onde está o Eu?

Na segunda experiência, quando digo frente ao espelho “Eu aqui e agora”, e vejo o espelho, há uma luz, não sei quem é esse EU, mas há uma luz. O rosto muda, algo acontece, algo muito interessante, um tremendo impulso, uma tremenda vontade, uma vontade de saber quem sou Eu?

E sinto que posso chegar a sabê-lo, que a resposta está dentro de mim, que a resposta não está fora, ninguém sabe nada sobre mim, nem eu sei sobre mim. Mas eu posso chegar a saber sobre mim, eu não sou um vegetal, eu não ou um animal, eu sou muito importante para mim, Eu conscientemente desejo saber:

Quem sou eu?

O que sou?

De onde venho?

Para onde vou?

Onde estou parado?

O que se supõe que esteja fazendo aqui neste planeta entre milhões de planetas?

Qual é minha função, se é que existe alguma?

Qual é o trabalho que se supõe que devo cumprir, se é que há algum por cumprir?

Tudo isso está dentro de mim e pode ser respondido se consigo manter-me desperto, se consigo manter-me desperto posso alcançar! E para fazê-lo, começo primeiro por querer despertar, por querer recordar-me de Mim Mesmo. Então me fixo o propósito, fixo-me o propósito de recordar-me de mim mesmo a máxima quantidade de vezes ao dia, máxima quantidade de vezes ao dia. Então, o propósito o fixei desta maneira. Concentro-me em minha mente, com toda vontade de minha essência e com todas as vontades de que EU SOU capaz, digo:

EU QUERO RECORDAR DE MIM MESMO!!!

E quando digo “quero”, apliquei toda a força da qual sou capaz.

QUERO RECORDAR, e quando digo “RECORDAR-ME”, dou uma ordem à mente: “”QUERO RECORDAR-ME DE MIM”, e quando digo “de mim”, é aquele EU que são sei quem é.

“Quero Recordar-me de Mim Mesmo”, e o digo com toda a força do meu Ser.

“Quero recordar-Me de Mim Mesmo”, digo isso 10 vezes, 20 vezes, 30 vezes. Faço disso o propósito mais importante de minha vida. E logo andando pela rua, de repente, vem de dentro a recordação. De repente, vem a recordação, dei-me conta que se eu durante 49 dias, pelo menos 7 vezes ao dia fixo o propósito, sempre veemente, com um tremendo desejo de querer recordar-me de mim mesmo, dizendo Eu, quando digo Eu estou, estou identificado com o EU que está consciente e desperto em mim. Digo “EU quero recordar-Me de Mim Mesmo”. E depois de 49 dias aconteceu, andando pela rua, fazendo coisas, falando com pessoas, trabalhando, veio-me a recordação de dentre, veio um ‘tac’, de dentro. Então, quando veio o ‘tac’ imediatamente recobrei a consciência. É como se estivesse na cama e alguém me despertasse, então imediatamente dizia: Eu aqui e agora, e percebia-me fazendo uma coisa ou outra, boa ou má, então, dava-me conta do EU e do que eu estava fazendo, saía da identificação.

E pouco a pouco, pouco a pouco, estimado amigo buscador, fui encontrando as pessoas despertas, porque me dei conta que uma pessoa quando está adormecida, vive com pessoas adormecidas. Quando está identificado com seus hábitos, com seus desejos, vive com pessoas do mesmo nível. Logo fui conhecendo as pessoas que estavam despertando, tinham os mesmos problemas que eu, ficamos amicíssimos e nossa relação foi muito útil, porque um despertava o outro em um dado momento.

Logo, quando se atingiu o estado de despertar, um estado mais ou menos permanente, tudo mudou, começou-se a saber

Por que estou aqui?

Para que estou aqui?

Cheguei a conhecer-me a mim mesmo. Tu também, a amigo buscador, pode chegar a conhecer-te a ti mesmo. O conteúdo deste cassete fala-te dos diferentes níveis de consciência. Tu tens que comprová-los por ti mesmo.

Fala-te do estado de adormecido, do estar identificado, do estar desperto. Fala-te de estar identificado com teu corpo e estar separado. Tens que experimentar isso, tens que demonstrar a ti mesmo, até chegar a conclusão certa e total de que tu não és teu corpo, segundo o que diz a primeira parte do cassete.

Logo tens que te dar conta que tu não és tua mente, nem teus pensamentos, nem teus desejos, nem teu nome. Quando chegas a dar-te conta e a viver a experiência do EU, AQUI e AGORA, do QUEM SOU EU, quando realizas as experiências frente ao espelho, estarás abrindo a porta a uma nova dimensão, a um novo Cosmos, a uma nova ordem, a um novo mundo, a um mundo tão amplo, que tua mente não pode imaginar.

Assim como a formiga vive com o homem e não está consciente dele, não sabe de sua existência, mas o homem sim, assim também há seres de dimensões superiores que vivem aqui mesmo, entre nós, dos quais nós não estamos conscientes, assim como a formiga não está consciente de nós.

Tu, quando estás adormecido, não estás consciente da parte desperta em ti mesmo, mas quando despertas te darás conta da parte adormecida e de que estiveste vivendo em um mundo ilusório, em um mundo fictício, viveste de suposições e de crenças, viveste crendo que tu eras fulano de tal, que tu fazes tal ou qual coisa, creste estar consciente, creste saber que fazes e porque fazes e para que fazes.

Mas quando despertas, dar-te conta que nada disso é certo. Mas não é suficiente que alguém diga a ti. Isso é uma questão muito pessoal, tu mesmo deves descobrir, tu mesmo deves experimentar. Nesse estado de desperto cada um conhece diretamente, cada um compreende diretamente, cada um sente diretamente, sem necessidade de livros, sem necessidade de nenhum tipo de literatura, sem necessidade que ninguém explique ao outro, simplesmente faz-se a pergunta e a pergunta é feita a sua própria mente e a mente tem a resposta. É muito difícil, é verdade, e isso não pode vir forçado.

Assim como uma pessoa está em sua cama dormindo profundamente e molesta-se quando vem alguém para despertá-la; também, outra pessoa está dormindo, mas já não tão profundamente, pois dormiu o suficiente e não se molesta tanto e há outra pessoa que está a ponto de despertar, já abriu os olhos e está buscando. Assim como quando pelas manhãs despertas, não sei se já deste conta, algumas vezes te aconteceu que ao abrir os olhos, o primeiro que vem é:

Quem sou eu?

Onde estou?

É um milionésimo de segundo, verdade? Seja honesto, verdade que sim? Então, vem a memória e diz: Ah, bem, hoje é quarta-feira, eu sou fulano, estou aqui. Sim, para e começa o estado baixo de consciência, o estado de identificação. Então, entro no banheiro e imediatamente começo a tomar banho. É certo e penso todo tempo no banho sobre as coisas que tenho que fazer durante o transcurso do dia e assim sucessivamente. Podem se passar anos assim, mas se estás alerta, se usas tua memória, tu te haverás dado conta de que normalmente quando despertamos pela manhã, o primeiro que vem é:

Quem sou eu?

Onde estou?

Ainda que neste estado haja respostas, respostas muito concretas a todas as interrogações da vida e isso, amigo meu, ninguém pode fazer por ti. Assim como ninguém pode comer por ti, ir ao banheiro por ti, ninguém pode estar desperto por ti, ninguém pode compreender por ti, ninguém pode aprender por ti, ninguém, ninguém!!! É questão tua, pessoal, tens que por esforço. Primeiro deves derrubar a ilusão de estar consciente, agora sabes que não é assim.

Logo, deves estar o suficiente aborrecido de estar adormecido, deves chegar a sentir um tremendo desejo de despertar, um tremendo desejo de saber, de investigar sobre ti mesmo e então, se em algum momento, se algum dia chegas a tomar a determinação, a resolução de despertar realmente, conseguirás a mim e a outras pessoas que já passaram por teu processo, pessoas que vivem em outros níveis de consciência, e não nos nível das pessoas adormecidas.

Então, poderás ser ajudado sempre e quando teu desejo é real, genuíno, sempre e quando estejas o suficientemente desperto e tenhas muita vontade de empreender esse despertar.

Quem sou eu?

Faz esta pergunta a ti durante 40, 60, ou 60 dias. À medida que vais trabalhando, recordas fazer-te essa pergunta e faze-a como se realmente não soubesses quem és.

Quem sou eu?

Se em um momento dado te dás conta que estas fazendo algo, desperta! Se te dás conta de repente que estás comendo, pergunta-te:

Quem é esse que está comendo?

E começas a descobrir uma multidão dentro de ti, então, poderás começar a observar-te. Claro que sim!!! Para me conhecer devo observar-me, devo observar o que há dentro de mim, dentro de minha mente e dentro de meu coração.

Logo terás que fazer o esforço para não te identificar, não te identificar significa que tua atenção não seja atraída até tal ponto, por acontecimentos, eventos, pessoas, gostos, até que te esqueces do EU, Aqui e Agora. Se então, se alcanças fazê-lo, descobrirás que já não há mais sofrimentos, já o sofrimento e a dor podem desaparecer totalmente de tua vida. Sim, estimado amigo, isso e muitas coisa mais, muitíssimas coisas mais estão a teu alcance se chegou o teu momento de despertar. Se vês que não compreendes a plenitude do conteúdo desta mensagem, não importa, não importa!!! Volte a escutar uma vez a cada 15 dias este cassete, uma vez por mês, regularmente. Um dia começas a compreender o que diz. Se o sentes, se o compreendes, experimenta o que te recomendamos experimentar.

Então nascerá o desejo de despertar, darás-te conta, e o melhor é que te terás dado conta, já sabes a diferença entre estar desperto e estar adormecido, e o melhor, queres fazer algo a respeito. Claro!!! Pois este cassete não chega senão a pessoas que estão no caminho do despertar. Então, algum dia poderemos ser companheiros de viagem, companheiros de caminho. Sei o que experimentas hoje, porque passei por isso. Oxalá pudesse experimentar o que experimento.

Sim, amigo, tens que despertar da ilusão. A vida não é nascer, desenvolver um corpo, trabalhar, ter filhos, viajar, ganhar alguma medalha, acumular uma conta bancária, chegar a velhice e ser atendido por médicos e terminar a 7 pés abaixo da terra. A Vida tem outro sentido. Primeiro, tens que experimentar.

Resumindo:

Trata de Recordar-Te de TI Mesmo. Fixa-te o propósito, fixa-te o propósito de não identificar-te, fixa-te o propósito de observar-te a te mesmo, fixa-te o propósito de experimentar que tu não és nem teu corpo, nem tua mente, nem tuas emoções, nem teus desejos, nem teus nomes, nem teus apelidos.

Tens que experimentar vividamente, tens que chegar à convicção total. Não basta que alguém te diga: Não, olha, tu és espírito, tu és corpo. Não! Enquanto todo santo dia vives identificado com teu corpo, atuas como se fosses teu corpo, tens que experimentá-lo por ti mesmo, tens que vivê-lo.

Irmão, desejo teu despertar, esforço e trabalho. Se decides fazê-lo desde agora, dou-te as boas-vindas aos adormecidos com desejos de despertar. Dou-te as boas-vindas a este mundo fascinante e doloroso por sua vez. Essa é a verdade!

Escreva as partes mais importantes que escutaste nesta mensagem, pensa-a e medita-a uma e outra vez. Até compreender a fundo o sentido da transmissão.