CASSETE N° 01


A REBELIÃO


Lado A

Todos os dias o sol sai aqui em Pampatarde pelo mar, podemos calcular sua saída para dentro de milhões de anos. Podemos saber a que segundo vai sair. Isso significa que há Ordem, há Lei.

E porque eu sou assim e não sou assado?

Haverá alguma razão?

    Quem sou eu?

    De onde venho?

    Aonde vou?

    Como posso eu conseguir isto?

    Como posso saber isto?

    Porque sinto um vazio aqui ...de vez em quando ao me despertar?

    Por que não posso olhar a mim mesmo por dentro?

    O que acontece?

    Por que não?

Necessito compreender e esta é a era de Aquário. Quero compreender!!!

Antes, em épocas passadas, durante dois mil anos, diziam que Deus é Amor. Agora digo:

Deus é COMPREENSÃO, Deus é Luz. Para compreender faz falta a Luz, e Deus é Luz assim de grande. Tenho obscuridade na mente, uma grande obscuridade na mente, seria uma coisa que se chama SUBCONSCIENTE. Uma coisa que está em mim, que supostamente sou eu, e que dentro tem um montão de coisas que me levam a fazer muitas coisas.

Uma parte obscura, é uma parte escura, uma parte de escuridão. É uma parte que me faz gostar de uma coisa e desgostar de outra. É nessa parte obscura, algo está acontecendo, algo está acontecendo, algo muito importante.

Minha parte iluminada, minha parte consciente diz-me: ”Ama a teu próximo”, e eu o quero amar, mas algo me faz atuar diferentemente, algo me faz esquecer do próximo, algo me faz ver somente a mim mesmo, a esquecer-me do outro. E esse algo está aqui no subconsciente, está obscuro, necessita Luz, necessita a Luz de Deus aqui, somente Deus pode iluminar. Eu não posso iluminá-lo. Ele sim pode iluminá-lo.

O que acontece comigo todas as noites depois de ir para a cama?

Onde estou?

Até onde vou?

Não posso desaparecer. Não posso haver desaparecido, algo está passando comigo.

Quem me dá essa resposta?

Você, senhorita, você, você?

Quem me dá essa resposta porque sou assim ou assado?

Quem?

Eu não conheço ninguém. Eu busquei muitas pessoas, supostos mestre, supostos sábios. Cada uma tinha sua teoria, mas eram teorias, nada mais. E eu continuava com minha parte obscura.

E aprendi a Lei, queria fazê-la, mas algo dentro de mim me levava, uma e outra vez, uma e outra vez, uma e outra vez, a fazer o que eu não quero fazer.

Quem pode me ajudar?

A Compreensão.

Deus.

A Luz.

Isso vai ajudar a mim. Isso começa a funcionar, senhores. Quando nos damos conta que não podemos fazer o que dá vontade e que temos que seguir sob a Lei. Não antes!!!

Você se deu conta que não pode fazer o que quer?

Verdade que, sim?

Acordamos pela manhã e fazemos planos e fazemos projetos, como se pudéssemos tudo. E nesses planos e projetos, jamais levamos em conta este subconsciente. Jamais levo em conta essa outra parte de mim. Façam-no. Amanheça um dia e faça uma lista de coisas para fazer durante uma semana. E acabada uma semana, veja o que foi feito. Verão que não foi feito nada!

Cada um de vocês tem uma ilusão a respeito de uma pessoa. Eu queria me casar com uma moça de olhos azuis e me casei com uma mulher de l metro e meio. Isso é assim! Eu queria ser engenheiro eletrônico, mas não fui. Eu queria fazer muitas coisas, vocês queriam fazer muitas coisas, todos têm um plano. Mas seu plano não contempla isso que está dentro. Não está contemplado esse outro eu que está dentro, esse outro eu que não segue a Lei. E a menos que se logre a união, a menos que essa parte escura de mim se ilumine, e o único que pode iluminá-la é Deus, a Luz. Para isso devo começar a compreender.

O que vamos começar a compreender?

O que vamos começar a compreender, irmão?

Compreender que não sei nada. Mas ao dar-se conta, ao dar-se conta desse fato, ao dar-se conta que são uns soberbos os que se levantam pela manhã, têm pretensões de administrar empresas completas, os que são derrubados por uma pequena dor de cabeça, os que ficam nervosos por causa de uma mosca, do tráfego ou por um gato que passa por aí..

E onde está Deus?

Foi-se por água abaixo? Não vale!!! Não vale!!!

Um homem, um homem iluminado, um homem com a Lei, não pode ser afetado com uma coisa assim.

Por que se afeta?

Então, devo dar-me conta!

Uso a palavra, vamos pô-la sobre o quadro, fotografem-na, ponham suas emoções, ponham seus sentidos. Peçam a Deus, esse é o nosso negócio. Nosso negócio se chama CONSCIÊNCIA!!! Não consciência moral. É estar consciente, esse é nosso negócio.

Consciência é Luz,

Consciência é Compreensão,

Consciência é Amor,

Consciência é saber de onde venho e para onde vou.

E porque estou aqui.

O que estou fazendo aqui,

O que estou fazendo e como estou fazendo,

E se há uma maneira de fazê-lo melhor,

Há uma maneira perfeita de levá-lo a cabo?

TUDO ISSO É CONSCIÊNCIA!

Estar consciente é quando sei com, toda certeza, o que estou fazendo e porque estou fazendo. Verdade? Consciência total.

Quantas coisas da nossa vida, podemos dizer algo sobre elas? Assim, repetimos todos os dias as mesmas coisas, ontem, antes de ontem, antes, todos os dias. Jamais nos pusemos aqui, no ponto de partida dessa coisa que começamos a fazer. O que era? Nos damos conta muitos anos depois, muitos anos depois, e dizemos: que grande erro! Que grande erro!

Mas compreendemos que precisamos despertar, que precisamos de Consciência.

Ser Consciente, senhores, é estar com Deus.

E o princípio deste caminho é eliminar o orgulho, a soberba, a vaidade, o envaidecimento, a auto-justificação, de ver-me melhor que o outro. Começar a dar-me conta de minha “nadidade”, de que sou nada, nada, absolutamente nada. Assim como vocês estão vendo. Dói! Nada, nada, de que não posso fazer nada.

NADA, NÃO POSSO FAZER NADA!!!

Devo dar-me conta de que estou afundando no mar, de que necessito auxílio, necessito Deus. E no momento em que estou afundando, o orgulho não vale nada, a vaidade e a soberba não valem nada, nada vale. O único que necessito é Deus, estou afundando mas não me dou conta disso. Os que querem dar-se conta disso, os que se deram conta e começaram a dar-se conta estão passando por tremendos problemas. Porque acreditavam saber.

Acreditar saber, não é saber. Acreditar poder, não é poder.

É como uma mulher que se acha linda, mas não é. Ai de alguém que lhe diz que é feia. Ela o mata, o mata. Se vê todos os dias no espelho, se maquia e se crê ser linda, mas é feia. Mas ninguém se atreve a lhe dizer isto.

Assim somos nós, somos ignorantes, ignorantes totais. Somos nada, e somente para dar-se conta disso, comecem a mudar em pequenos hábitos. Pequenos hábitos, para dar-se conta que não podem.

Esse é o princípio da Compreensão. Esse é o princípio de dar-se conta de que essa vida já não se pode levar a cabo sem Deus, sem a Lei. Se faz-se algo sem a Lei, lhe acontecerá o que aconteceu a muitas pessoas.

Vejam ao redor de vocês, despertem!!! Há pessoas que realizaram o que vocês almejam. Muitas pessoas têm dinheiro, muitas pessoas têm coisas. Mas como estúpidos se sentem, em casa, com dor de cabeça. Naquele momento, os milhões deles não servem para nada, a casa linda que têm não serve para nada, nada lhes serve, não podem eliminar uma dor de cabeça. Não podem! Não podem reprimir a ira. Esse é o nosso problema.

E não se pode fazer nada, pois estamos fora da Lei. Uma pessoa que está dentro da Lei, uma pessoa que está com Deus; uma pessoa que está com Deus é uma pessoa harmônica. Aí está a palavra harmonia. Use a palavra Harmonia. O que evoca em nossa mente a palavra HARMONIA?

Pensem em Harmonia, Harmonioso. O que é HARMONIA?

Não importa se é pequeno ou grande, uma pessoa pode viver num rancho e esse rancho pode ser harmonioso. Harmonia é quando todas as coisas de um elemento estão em ordem, isso é Harmonia. Eu estou falando de uma coisa que se chama qualidade e não quantidade. QUALIDADE!!!! Um rancho pobre pode ser harmonioso e uma casa incrível pode ser desarmônica.

HARMONIA É ORDEM!!!

Isto é Ordem, gravem isso na mente!!!

Como começa isto?

Como vou ter eu Harmonia e Consciência em minha vida?

Necessito de Luz.. Necessito de Luz, e a Luz é Deus.

Necessito a Luz de Deus.

Deus disse: “Faça-se a Luz”, Ele disse “Faça-se a Luz”, e eu lhe digo agora que “Faça-se Luz em minha vida”. Eu peço a Ele que Faça-se Luz em minha vida, que Faça-se Luz em nossas mentes.

Vocês têm que pedir que se faça Luz.

Tenho problemas.... “Faça-se a Luz, Senhor Faça-se a Luz”, é o que necessito eu.

De onde vem a Luz? A Luz é Deus, vem de Deus, de nenhuma outra parte. Conhecem alguém que vende Luz? Existe esse produto no mercado? Verdade que não!!! O que quer dizer isso? Por que não existe no mercado esse produto?

Chamamos a Compreensão, por que não posso comprar Compreensão?

Porque não posso comprar Inteligência?

Porque não posso comprar Obediência?

E assim sucessivamente, onde posso encontrar essas coisas?

Em que parte se vende?

De que me serva as demais coisas, se não tenho isso? Se eu não tenho.

De que me serve tudo o que tenho?

O que posso fazer com isso, eu posso trocar minha Mercedes por Compreensão?

Não posso!!!

Eu não posso trocar nada por compreensão.

Mas existem duas coisas. Há pessoas que crêem que podem produzir isto! E despertem para esse fato, porque isso é uma grande mentira. A Luz, a Consciência, a Compreensão, eu não posso produzir, pois não temos os elementos. Para produzi-la eu preciso de três forças: um, dois e três.

Eu posso dizer Quero, posso dizer ao Pai: “Quero”. QUERO é essa força ativa, posso dizer-Lhe: “Quero!!!” Unicamente posso dizer Quero, Pai! “Faça-se Tua Vontade”.

Então, aqui há outras duas forças que eu não controlo. Estão no cosmos. Quando essas três forças façam um triângulo, aí sim!!! Há uma parte de mim, que é a mente, que diz quero, mas minhas emoções não as controlo. Minhas emoções querem Lei? Querem uma Ordem? Não querem isso. Essa é a segunda força.

Eu não posso violar meu subconsciente, eu não posso!!!

Devo recorrer ao Senhor, que está aqui, o neutro, é a terceira força, a que equilibra, vou recorrer a Ele.

Há muitos que crêem que podem produzi-la. Despertem!!! Não se pode produzi-la, não podemos produzi-la.

Há Um Senhor que tem montão dessa Luz, e está dizendo ”Filho, Isso é Seu!!!”. Vamos dizer-lhe: “Pai, Dá-me Isso que Tu Tens, Tu És Compreensão, Tu És Luz. Dá-me Isso, Deixa-me ver Teu rosto, Deixa-me ver Tua cara”.

Mas para fazer isso, devo eliminar o orgulho, devo dizer que não sou nada, que não compreendo nada. Porque se não, teremos problemas do vinho velho em barris novos. O problema da Grande Parábola, não podemos mesclar jóia com fantasias. Não podemos pô-la. Não podemos por um vinho finíssimo com um suco de uva comum. Há graves problemas.

Por isso, esvazie sua mente! Esvaziem-na! Despojem-se do pseudo-conhecimento, da pseuda-verdade.

Façam espaço para o Senhor! Façam-no em sua mente!

Façam-no em seus corações! Desapeguem-se!

Renunciem a seus falsos ideais, pois não vão alcançá-los. No final, a Vontade do Pai sempre se realiza. E isso dói, senhores.

Muitas pessoas esperam. muitas pessoas crêem que uma pessoa que vem e fala de Deus, vem e diga palavras de Amor.

Acaso isso não são palavras de Amor,? Soam diferente, mas são palavra de Amor, de grande Amor.

Um garoto quando não está seguindo o caminho, tem-se que dizer umas tantas palavra, as vezes duras, mas se lhe diz palavras duras com Amor, porque se não há Amor, ninguém teria o direito moral de dizer-lhe: Filho, segue um caminho. Dói conseguir renunciar, verdade?

Dói, dói que renunciemos a certas coisas de nós, a certas crenças, a certos planos, a certas idéias, que não são a verdade!!! Nunca foram a verdade!!!

Vocês se auto-analisem, verão que esses planos são os planos de todo o mundo, ao redor de vocês há milhões de pessoas que há milhões de anos tentam lográ-los, e não lograram. Isso não lhes chama atenção? Uma pessoa mais velha pode te contar seus planos de antes. Ela te contará os planos que teve e o que alcançou com suas ilusões de hoje.

A Compreensão é a Luz.

O Conhecimento onde está?

O que somos?

O que somos? O que somos?

O que sou Eu?

Quem sou Eu?

Devo despertar para esse fato! Devo despertar para esse fato! Devo despertar para esse fato!! Devo despertar da minha letargia!!! Devo despertar da minha mecanicidade. Devo começar a pensar, devo começar a pensar. Começar a pensar e não se preocupe, irmão, se você se desvela uma noite.

Não se preocupe, você, sua casa é de Luz. Deus está aqui!! Estão sob suas linhas. O que lhe dói a cabeça? Você não se preocupe, veja sua dor de cabeça. Veja! Se tem conflitos, veja seus conflitos, veja seus problemas, dê-se conta dos seus problemas!!! Então, começará uma Nova Era, começará para vocês uma coisa. Leia o primeiro capítulo dos Gênesis, as primeiras partes. Diz que havia escuridão e Deus disse: “Faça-se a Luz!”, e a escuridão está agora em suas mentes. Não sabemos nada de nada. Nada de nada!! Isso se chama escuridão. Escuridão!!! E necessitamos a Luz.

E num momento dado, Deus em cada um de vocês dirá: “Faça-se a Luz!” e se Fará a Luz. E mais vale que se faça agora.

Um pouco de DESPERTAR!

DESPERTAR! DAR-SE CONTA!

São palavras chaves, DESPERTAR! Na Bíblia se chama vigiar, vigiar.

Estejam alertas!!! Isso é o que dizia Jesus. Vigiar!!!

Vigiar o que? O que vou vigiar eu?

Se estou em uma casa, posso vigiar para que não chegue um ladrão. O ladrão está em si mesmo, está em nossa própria cabeça, está em nossas emoções, sempre estiveram. É a obscuridade, é a ignorância, é a escuridão, essa escuridão.

Se você está sentado em sua casa tranqüilo, está escuro e vem alguém, você por um momento não vê quem é e se assusta, mas quando acende a luz, vê que é um irmão. Quando estava escuro você se assustou. Verdade que sim? Isso é o que acontece na nossa vida - não tem Luz. Tudo nos assusta!!! Temos medo de tudo porque não vemos sua verdadeira cara, temos medo a tudo, medos, medos, terror!!!

De que temos medo? De que temos medo?

Temos medo da doença, verdade? Temos medo da pobreza, temos medo da crítica, da grande crítica, temos um medo tremendo. Tenho medo que nos digam que sou feio. Terrível!!! Temos medo da perda da liberdade. Temos medo da morte. Isso está escondido detrás e outras coisas mais. Temos muitos medos e todos esses medos estão na nossa parte obscura. Temos medo da morte porque não sabemos o que é. Tudo isso são coisas simples se há luz, se há luz isso são coisas simples.

Não se resignem a viver com seus medos. Não se resignem. Ai de nós se amanhã amanhecermos sem um centavo. Somos capazes de seguir adiante, incólumes, com o mesmo estado anímico de antes? Sim? Então se não, significa que não podemos, quer dizer que não podemos, quer dizer que somos uns ignorantes, que nada sabemos. Mantenho o mesmo ânimo quando estou doente e quando estou saudável? Verdade que não! Não tenho energia. Por que?

Porque não tenho Luz!!!. Se eu souber o que é esta enfermidade que eu tenho, se eu compreendesse, ela desaparece, desaparece num instante. E assim de forma sucessiva. Isso é falta de luz.

No mundo no qual vivo eu, este se chama Deus, no mundo no qual vivo eu, ninguém pode me fazer nada.

Me dirá: Mas com Deus, sua cabeça não dói? Sim doe, mas a dor não lhe afeta. Em absoluto!! Eu observo a dor, observo-a, eu não sou a dor de cabeça. Minha dor de cabeça é uma coisa, eu sou outra.

Deus!! Não O esqueçam, para isso que temos um princípio, um só princípio:

Não sou nada, não posso nada, e também não quero nada.







Lado B

Não esqueçam e para isso temos um princípio, um só princípio:

Não sou nada, não posso nada e também não quero nada.

Não quero nada, senão este Senhor, a esta Luz, não quero nenhuma outra coisa.

Para que dissipar minha energia?

Por que não ponho todas as minhas coisas atrás de um só propósito?

Um só, um só propósito, um só fim!!!

Um só fim!!!

Isto é parecido àquele que está apaixonado por uma mulher e quando lhe apresentam a outra, diz: Não, eu não quero senão esta.

É que se deu conta que já não pode.!!!

Este Senhor começa a entrar, embaixo da pele, dentro da pele. Mas para dar-me conta devo fazer uma porção de coisas.

Este Senhor diz que devo dar-me conta, verdade? Que devo dar-me conta. Dê-se conta!

Façamos as mesmas coisas diferentemente. Se todos os dias você vai ao trabalho de uma maneira, se todos os dias, você vai ao trabalho de carro, vá a pé para ver o que acontece. É uma coisa assim de simples. Tomem a decisão consciente de fazer algo. Faça algo diferente e se dará conta de muitas coisas.

Esse é o princípio.

O princípio de que? Do sofrimento. O princípio do sofrimento, porque sozinho não se sofre. Sofrimento, sofrer! Mas um sofrimento diferente, um sofrimento consciente. É um sofrimento que pela primeira vez eu vou provocar em minha vida. Não vai vir por uma coisa ou outra, eu vou provocá-lo por decisão própria.

Eu quero Deus em minha vida!

Sofrimento. É verdade? Irmão é verdade que é assim?

Você está diante da alternativa, você pode retirar-se agora.

Existe o sofrimento que todos sofremos, mecânico. Todas as semanas temos problemas e sofremos. Todas as semanas nos vêm doenças e sofrimentos. E esse sofrimento? Seguirá, seguirá, e seguirá, seguirá interminável.

Até quando isso? Até que um dia eu o enfrento, até que um dia digo “vou ver o que é isso, vou ver o que está acontecendo, vou ver!”

Eu clamo a Meu Deus! Ao Deus que está em mim. Peço!!!

Esse é o princípio do caminho. Sofrer, consequentemente, não há caras alegres, é que não podem existir, não podem existir. Por que vai existir caras alegres? Acaso nossa vida está cheia de harmonia para que estejamos alegres? Nossa vida está cheia de harmonia? Está cheia de problemas, é verdade? No entanto, como estúpidos passamos por ela e dizemos que estamos muito bem. É mentira! Não é verdade! A verdade é que estamos muito mal. Pelo menos por uma vez sejamos sinceros e honestos com nós mesmos.

Temos construído um mundo pequeno, onde não fazemos nada de novo, por que esse algo novo me custa um horror, fazer algo novo. Algo novo, me custa, muitíssimo.

O que fizemos? Temos uma série de ações, as quais podemos inumerá-las. E está pronto! E isso eu repito como uma máquina!! E eu repito, e repito e repito as combinações desta maneira.

E mais nada! Essa é a vida de cada um. E com isso estamos cheios de problemas, e dizemos que estamos bem, onde é que isso está bem? Onde? Se eu estivesse bem, se você estivesse bem, também, esse mundo seria um Paraíso! Mas não é.

Por que? Porque estamos todos cheios de sujeira e dizendo que estamos bem? Varremos a casa e pomos a sujeira para baixo dos móveis. Manda para o subconsciente, manda para o subconsciente, manda para o subconsciente.

Agora temos que mudar. Vamos colocar algo novo.

Vamos colocar um Senhor que se chama Deus.

Muitas pessoas me dizem que há muitos anos têm falado a Deus: “Faça-se a Sua Vontade!” Acaso O Senhor é surdo?

E outra vez volto a perguntar: Quem quer ir? Quem quer ir?

Analisem-se. Trata-se de sofrer. Tem que ser valente. Tem que ter valor, tem que ter valor. Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu. Ele se deu conta de como é esse mundo, ele se deu conta. Sofrimentos, se chama carregar a cruz, carregar seus quatro elementos.

Muita gente pensa que quando se fala de Deus vai ouvir palavras lindas. E nesse momento, agora, não há palavras lindas, super lindas, super formosas. Nem lindas, nem maravilhosas. Alguém está fazendo que eu me dê conta, alguém tem o valor de dizer-me que eu sou um ignorante! Assim - de que eu sou um ignorante! Esse Sr. vem e me diz que sou ignorante!

Tarde ou cedo, eu começo a ver o que estou fazendo, mas nesse momento se eu digo a vocês que são lindos e belos...Isso é mentira!...Vejam-se no espelho, todos vejam-se no espelho, vejam seus corações, vejam quais são seus pensamentos e suas idéias.

Que idéias tem você sobre o próximo?

Eu amo ao próximo? Verdade? Eu amo ao próximo?

O que fiz eu para o próximo nos últimos anos?

Algo concreto que fiz eu. São palavras, palavras vazias que não tem nenhum sentido.

O que quer fazer?

Tem que dar-se conta, primeiro, que não pode fazer. Quando eu me dou conta, Deus, então, começará a fazer em mim, Deus começará a fazer em vocês!!! Não antes, não antes!!! Se uma pessoa crer que não está doente, e está podre por dentro, não vai ao médico. É muito simples, ela irá ao médico se crer que está saudável? Eu digo agora a vocês: Estamos enfermos. Estão mal! estão mal!

Desde o momento que dizemos ao Senhor: “Seja Feita Vossa Vontade”, há uma Era Nova. Há um Mundo Novo. Isso é uma Nova Era. É uma Era em que eu tomo um decisão de que nada segue como era antes, nada segue como antes. Minha casa segue sendo mesma casa, essa é minha casa. Segue sendo a mesma. Mas a partir de agora começo a fazer as coisas com Deus, com Deus. Não vou domingo a igreja rezar e quando me dói a cabeça aí eu peço, ai Meu Deus, me ajuda!!! Acabou-se infância!!! Acabou-se a infância!!!

Despertem!!! Despertem!!!

Esta é a verdade! Esta é a Verdade!

Peguem o Evangelho ou qualquer outro livro que vocês queiram, mas eu recomendo que recusem onde lhes digam que todos são formosos, lindos e inteligentes, senhores e amo da criação!!! Tem essa possibilidade, mas agora não é assim. Agora vocês sabem que uma dor de cabeça é capaz de tirar tudo o que vocês tem. Uma miserável dor de cabeça!

Tenho que começar a decidir, vocês decidam agora estar com Deus.

Não me digam que decidiram daqui a uma semana, daqui a um mês. Não, essa decisão é a cada momento, é todos os dias. Porque se eu tenho 35 anos, e nesses 35 anos eu decidi viver sem Deus, a viver tudo por mim mesmo, não posso pretender que quando eu diga: “Pai, Faça-se Vossa Vontade”, vai haver uma revolução em minha vida. Vou passar a conta para Ele. “Pai, você me disse para fazer a Sua Vontade”. e Ele diz: “Ontem, onde estavas?”

Será essa palavra uma varinha mágica? Onde está essa famosa palavra abracadabra?

Não, senhores. DESPERTEM!!! Não há palavras mágicas.

Há trabalho! Há trabalho! Trabalho!!!

Dói, é verdade, dói, senhores. Dói Por que? Porque doe renunciar a uma parte de mim, a uma parte de mim não está com a Lei. E essa parte tem que sair e nada lhe joga fora. Eu tenho que trabalhar sobre ela, eu tenho que limpar as conseqüências de minha vida, eu tenho que limpar. Se não faço hoje, senhores, nos encadeamos e voltaremos a esta mesma situação.

Numa outra vida, uma noite como esta, eu estarei, esse que fala a vocês, voltarei a falar as mesmas palavras em certo lugar e em certo tempo, o tempo não existe. Agora, não existe o tempo. Para essa criança não há tempo.

A lição que recusamos aprender num momento dado, voltará à matéria, voltará, voltará, uma outra vez, uma e outra vez. Não é por causalidade que estão vocês aqui!!! Assim, temos que começar a trabalhar, e não façam como meninos mal criados, decidam vocês, de boa vontade.

Vamos sair disso. Vamos terminar com isso. Vamos fazê-lo com alegria.

Vamos ir com Deus.

Vamos ir com Deus, que está esperando que se decidam internamente. A decisão vem pouco a pouco. Leva semanas chegar a uma decisão.

É como de repente ter um sócio, é como de repente ter um sócio. Comece a consultá-Lo a cada passo. Todos os dias darmos conta de nossa “nadidade”, de que somos nada, dia após dia, darmos conta disso, nos vai doer, nos vai doer.

Não há outro caminho, é o único Caminho.

Se um dia violei a Lei, eu tenho que reparar. E começar a dizer Pai Nosso, mas de maneira diferente. Compreenda-me. Compreenda o que significa. Perdoar umas dívidas, é isso, ...Começar, Ele vai perdoar. Ele!!! Ele por mim pode fazer muitas coisa, eu por mim mesma não posso fazer nada. Mas devo dar-me conta que enquanto sigo vivendo, enquanto continuo repetindo outra vez, outra vez, com uma única finalidade de que não desencarne e volte a encarnar para receber a mesma lição de hoje.

Enquanto vocês saiam e vão fazer o que fizeram ontem, antes de ontem enquanto vocês continuarem repetindo e repetindo, e continuem repetindo, não avançam. Continuarão comendo seus próprios contos.

Despertem! Despertem!

O Senhor os Ama muito. Os Amou durante dois mil anos.

Toca a ti, esse chamado!!!

Tomemos essa Verdade e a convertamos em Ação.

Quais são as coisas que você vai mudar hoje, agora? Tome decisão: “Amanhã não vou brigar mais. Essa é uma decisão de andar com Deus. Grave-a na mente, grave-a na mente.

Comece o seu próprio mundo. Cada um sabe o que tem que fazer. Decidam, uma decisão ativa, uma decisão de trazer a Deus. Decidam já, já, trazer Deus ao mundo. Agora, é para tomar a decisão!!

Que problemas tenho?

Que decide você? Que decide você?

Movam-se, peguem papel e lápis e anotem que Deus está aqui. Está aqui! Agora pode iluminá-los.

Tomem a decisão! É para tomar decisões, agora, aqui!!!!

Não estão cansados do seu próprio eu?

Não estão cansados de sofrimento?

Renuncie ao seu sofrimento. Diga: Não sofro mais!!! Toma suas decisão, decisões duras. Decisões difíceis - de que necessitam de Deus.

Toma essa decisão. Toma-a na mente, no coração e no corpo. Porque com a mente não serve. O Pai disse: “Com a mente, com o coração e com o corpo!”

Tomem as decisões!!!

Sabem o que o Pai Falou? Quando nós tomamos essa decisão, O Pai nos disse: Andar na rua e atar as decisões aqui. Ele disse: a atarão na testa e a atarás sobre teu coração, aqui sobre o braço direito e terão sinais. Farão sinais sobre suas roupas, para que recorde que tomou a decisão de andar com Deus.

Onde estão os sinais? Um sinal externo. Um sinal para que recorde que decidiu andar com Deus. Pois nossos olhos e nossa mente podem ser atraídos, que nós podemos esquecer que tomamos essa decisão.

Porque tudo do mundo externo vai atraindo nossa atenção. Ele Disse que nos podemos esquecer. Tudo faz para que nós andemos sem Deus.

Vocês se dão conta de que não se castiga a ninguém se andamos sem Deus?

Você paga multa se está sem Deus?

Verdade que não há leis que te obrigue a andar com Deus? Não há leis!!!

Despertem!!! Aqui ninguém põe ninguém na prisão por odiar ao próximo.

Despertem para o fato de que Deus não faz falta nessa civilização em que estamos. Aparentemente, as leis mundiais não obrigam a isso. Para nós e no nosso próprio mundo individual, sabemos que sem Luz não podemos trabalhar!! Se essa Luz, tu queres chamá-la Deus... ou podem chamá-la de outra coisa. Podes chamá-la outra coisa. Mas tomem sua decisão.

Ajudem-se mutuamente!!! E sigam despertando.

O que quer dizer a decisão que eu tomo? Eu não posso... quando se diz “Não posso”, quer dizer que a partir de amanhã deixa-se de pensar em qualquer tipo de plano, porque não se pode fazer nenhum plano, é dar-se conta que não se pode fazer nada.

Para que fazer planos? Para que vamos fazer planos se não podemos fazê-los. Vamos conseguir algo ao preço de outra coisa. Alguém pagará pela arrogância de conseguires isso.

Dêem-se conta!

Liberem-se!

Esvaziem suas mentes de todos os planos!

Esvaziem sua mente de todos seus desejos.

Comece a sobreviver com uma só esperança: A Luz, Esse é o único propósito digno de viver-se.

Não tem sentido que nos vivamos na escuridão. Nossos olhos vêem a Luz, a Luz está no coração. Uma pessoa iluminada não mata, não odeia, não destrói. Está em Harmonia. Necessitamos dessa Luz, eu não lhe posso dar. Ninguém a produz. Necessito trabalhar!!! Todo o dinheiro que tenho não serve!! Necessito eu pedi-la, e o “pedi-la” tem suas Leis. O Senhor diz-nos: “Peçam-Me, Peçam-Me o Pão de cada dia”. E o Pão Nosso de cada dia é Isso. Isso é Luz, Luz!!! Isso é o que necessitamos.

A única Oração: Luz!!!

Quem de vocês crer que sabe? Sejam sinceros, posso demonstrar numa fração de segundos que não sabem nada.

Quem crer que sabe? Quem crer que é lindo? Quem crer que é lindo?

Falam dos seus defeitos, falam a você de suas virtudes. Ninguém nos fala da parte obscura de nós mesmos. Dizemos que são mentirosos e excluímos essas pessoas que nos falam da parte obscura de nós mesmos. Mas aqui devemos limpar isso fácil e rápido com a Luz.

Tomem suas decisões. Não sei, Não posso. Em uma época eu pensava que podia. Em uma época!!! Mas não posso. Mas não posso. Gravem isso na mente, e se não querem gravar, dêem-se conta..

Façam algo, façam algo!!!

Tudo o que estamos fazendo é preventivo - recordem isso. Aqui não há mágica. Não há sessões de vudu e se acaba a dor de cabeça. Não, aqui fazemos um trabalho preventivo. Despertem!!!! Fazemos um trabalho preventivo, não esperamos que a água chegue até afundar tudo. Façamos agora!!!

Vamos aprender a eliminar a dor de cabeça vinte anos?

Vou aprender trinta anos a amar o meu próximo?

Vou aprender outros 40 anos como viver em certa paz?

Não, eu não tenho milhões de anos, eu tenho apenas alguns anos para viver. E como eu tenho muitas coisas para fazer, e não tenho mil hora, eu tenho 24 horas por dia.

Eu não posso pôr-me a aprender toda vida como fazer uma coisa mecânica, eu peço ajuda a quem sabe. Eu não sou mecânico, eu não sou especialista em cérebros, em rins, eu não sou especialista em nada. Como vou pretender resolver tudo isso?

Eu não posso. Eu não posso. Ademais me meto em problemas. Eu não sei!!! Não somente porque não posso, mas eu tão pouco sei. Acreditava eu saber e vou fazer a coisa desta maneira e sempre me equivoco.

Senhores, Despertem !

Me digam uma só coisa que vocês fizeram que saiu em perfeita harmonia? Revisem sua vida, digam-me uma!!!

Deus estava em você quando se celebrou? Deus quis que se celebrasse. Não sei e não posso.

Se eu não sei, se eu não posso, que tenho eu a fazer? A resposta tem quatro letras: Deus, Luz, Consciência!

Despertar eu necessito!!! Dêem-se conta desse fato. Eu necessito Luz.

Não sei nada acerca de amanhã, não tenho uma remota idéia, posso ter ilusões, posso fazer planos. Mas realmente eu sei o que vai acontecer dentro de uma hora? Continuo sonhando, tenho um passado que me tortura, que está em minha mente e não sei o que fazer com ele. Eu não sei o que fazer com ele!!! Tenho um montão de problemas. Tenho um montão de problemas no meu pequeno mundo e ainda que não tivesse nenhum, devo ser suficientemente sincero comigo mesmo.


CASSETE N° 02


PENSAMENTO NUCLEAR



Pensamentos...

O que nos faz fracassar, o que nos causa obstáculos... são os desgostos, as atribulações que travam nossa marcha.

A sociedade, as pessoas hostis, os contratempos, os acontecimentos contrários, a vida. Tudo isto são estorvos que vêm do exterior... fora de nosso controle... fora de nossa responsabilidade, sofremos isso injustamente, segundo os outros.

Existem homens de pouca fé! Niilistas preguiçosos, que preferem acusar o destino, o mundo exterior, a todo universo, menos a si mesmos. Falam com autoridade, dizem com audácia: empreenderei isto, vencerei aquilo, construirei o outro, transformarei o demais.

Olhem bem!!! Todas as forças serão projetos energicamente expostos com poderosas palavras. O auditório aprova, elogia, discute, nega, se opõem, combate. As horas, as semanas, os meses, os anos passam inexoravelmente. O orador inflamado se esgotou em duelos verbais. Seus planos geniais, tão precisos, completos, prontos, tão largamente edificados, retificados, reajustados, aperfeiçoados, foram transformados para adaptar-se às novas condições, novos meios, novos tempos.

Acontecimentos imprevistos têm revirado as concepções que foi necessário revisar. Oportunidades têm surgido, mas o homem as tem julgado demasiado arriscadas. Tem retrocedido atemorizado, tem discutido, tem solicitado conselho dos faladores, tem escutado opiniões as mais diversas e seu ímpeto se dispersou, se diluiu, divergiu. A dúvida e o ceticismo, o tem insidiosamente intoxicado. A razão matou a intuição.

Acreditou-se mais forte que a lei anterior, que o aconselhava tão providencialmente durante suas longas e solitárias meditações de então.

Quis ter contato com a multidão e se afogou nela. Um náufrago entre os náufragos! Não! Este homem é de outra categoria, caiu no abismo e jaz no fundo. Contempla e compreende o sublime das alturas, onde havia chegado. Não pode mais arrastar-se entre o miasma do abismo. Seus pulmões provaram o ar do espaço e querem uma alimentação mais pura. Não! Vai levantar-se e fugir desse sombrio vale freqüentado por seres impuros. Vai voltar a empreender a penosa, árida e espinhosa ascensão.

Lá embaixo, seu corpo pode gozar de todos os prazeres, saciar-se, satisfazer todos seu desejos de voluptuosidade, de prazeres, de concupiscência; amigos, mulheres, parentes, lar confortável, comodidades sociais. Está fortemente tentado a ficar, a viver como todos os seus semelhantes. Mas seus olhos estão fascinados pelo céu, cuja mancha azul aparece muito reduzida desde o fundo do abismo. Demasiado reduzida! E pensa que a medida que escalava as pendências do passado, a paisagem celeste se misturava continuamente.

Já está!!! Voltou a partir!!!

O caminho pode ser mais penoso, mais árduo que a primeira vez. O entusiasmo e a alegria não irradiam tão ardentemente de eu rosto. Está sério, tranqüilo, ponderado, sossegado, sóbrio de manifestações exteriores, menos impulsivo. Mas seu olhar quase fixo expressa uma profunda determinação, uma experiência de consciência madura.

Não se distrai mais, como na primeira vez, em olhar as flores, as borboletas, os insetos, os animais brincando. Não vê tanto o semblante inocente, superficial, divertido da natureza.

As penas e as traições despertaram nele a faculdade de aprofundar-se. Por todas as partes vê a sombria e mortífera luta deste mundo, de onde o corpo não conhece mais que suas necessidade e seus apetites.

É a luta do mais forte, é a destruição do débil. O homem derruba o bosque para aproveitar o máximo possível. "Ah, nossos descendentes o arrumarão".

Lá embaixo, o vale saturado de fumaça, de pó, se ouve como um sopro de sirenes, de apitos, todo o horrível burburinho de uma geração vendida à matéria.

Pelas noites, alguns pontos luminosos evocam para ele a multidão escrava, deixando a servidão do trabalho vão, de uma falsa civilização, para precipitar-se freneticamente aos prazeres fáceis.

O ciclo infernal de um embrutecimento a outro!

Encontra-se só e abandonado!

Esta foi uma de suas primeiras impressões. Outro de seus primitivos sentimentos é de uma liberação, de um alívio, de uma paz, de um repouso. Agora sente o despertar de algo melhor.

Primeiramente, é como se houvesse trocado de morada. Começou a familiarizar-se com seu novo meio, que lhe parece mais como uma antiga família, da qual tivesse desertado para gozar do mundo e à qual volta arrependido. Um filho pródigo! Volta a encontrar sua casa, seus pais, irmãos, aquele bosque, aquele monte, aquele rio, aqueles passarinhos.

Pela noite, tarda em dormir. A cada repouso do sol descobre, volta a descobrir novos e velhos conhecimentos..., novos e velhos amores... Só? Quanto lhe havia envelhecido a cidade! Nas primeiras noites se encontrou só e perdido, mas começa agora a compreender que era a cidade que lhe havia feito órfão.

Volta a ter contato com a terra, onde volta a começar a sentir brotar a vida, uma força imobilizante. Uma reserva de vida, onde seu sangue assegura a circulação sem interrupções, como o ar em seus pulmões. A vegetação agreste, o ardente fogo do sol derrama suas inesgotáveis forças de vida sobre a terra formigante de seres.

Seu pensamento pene tra e atravessa as camadas da terra tão espessas ou tão finas, como possam ser, para contemplar a bola de matéria em fusão.

Começa a sentir bater seu coração ao ritmo de tudo e todos.

Já está em sua casa! Agora se sente reviver na casa paterna e compreende que jamais deveria tê-la abandonado.

Para ser perdoado, ele predica aos montanheses o que aprendeu no transcurso de suas múltiplas experiências. Ensina-os a compreender sua fortuna, os diz que só eles são verdadeiramente felizes. Semeia a alegria e a esperança a profusão como os recebe. Descobre os falsos semblantes, a aparência enganosa do espelhismo sedutor da existência artificial e adulterada, onde os homens se corrompem e se contaminam em vasos fechados, sem ar puro e espaço. Incita-os a gozar plenamente da existência livre dos seres simples e bons, como os passarinho que não cessam de cantar enquanto escapam do cativeiro. Descreve os rostos cansados e tristes, dos que trocam sua independência por um ilusório conforto.

As luzes das cidades são acesas para atordoadas mariposas e desprezo dos homens sensatos.

Anteriormente se sobrecarregou com pesado equipamento: um a um, abandona hoje cada objeto ao qual se sentia tão apegado antes. Se livra até de seus roupas. Sente-se mais vigoroso e mais resistente às intempéries. A horrível gordura que lhe entorpecia foi substituída por músculos firmes e flexíveis, suas formas afinaram.

O cansaço não detém mais sua marcha como seus primeiros esforços. Deixou de preocupar-se com sua comida, aceita o que acaso lhe traz, diverte-se até com o imprevisto em todas as matérias. Dorme em uma gruta, em uma cabana, em casa confortável. Voltou a recordar antigos refrões, cantigas das mais esquecidas.

Canta à Glória da Criação, da Criatura, do Criador. As vezes, sua voz chega a tal pureza de modulação que o comove e sente correr lágrimas por sua face.

Em todas as partes por onde passa, instrui pelo prazer de fazer aproveitar a cada um da amplitude dos conhecimentos que adquiriu ao longo de suas intermináveis peregrinações, mas se sente quase envergonhado de ter que pagar assim a hospitalidade generosa que lhe oferecem. Porque seu espírito, apto para compreender e acostumado a assimilar tudo, capta e se enriquece mais do que prediga.

Nenhum tipo de conhecimento lhe é indiferente. Seu pensamento, sempre em atividade, busca e trata de compreender e instruir-se.

Na noite, quando seu corpo, seu veículo, recupera suas forças em uma completa inatividade, ele, seu espírito, prossegue talvez ainda mais intensamente sua investigação insaciável. Quer saber tudo, aspira tudo, ao absoluto.

Desta vez chegou à neve dos cumes. A simples vista, este novo mundo parece-lhe sem vida. Nada de comida, água gelada, um frio mortal. Sem dúvida, tempo há que evolucionava pelas alturas e não se encontra surpreendido. O silêncio é solene, só percebe o suave roçar de seus passos afundando na pura e branca virgindade. Detém-se um instante impressionado pela majestade e potência que reina nestas soledades. Agora, não ouve mais que o surdo zumbido da corrente, que já não pode ver, por estar seu leito profundamente entranhado na rocha, como se a montanha estivesse cortada.

Longe, uma minúscula cascata que deve ser gigantesca. No alto, ainda que pareça impossível que algum outro ser tenha chegado tão alto, um condor, que se tomaria por uma andorinha, plana pelos ares e repousa imóvel sobre as duas asas. Neves ou nuvens, que não consegue distinguir, aproximam-se e rodeiam picos sombrios e brancos cumes.

Sente-se pequeno, fraco, insignificante. Uma formiga perdida em um deserto, sem dúvida faz tempo que já vive entre as nu vens.

Não é um estrangeiro, não é um turista, nem sequer um viajante. Ele, o incessante nômade, é daqui da natureza, do isolamento, do imenso, do ilimitado. Sente-se aclimatado, adaptado, já não se deixa enganar pela aparente hostilidade dos elementos. Chegou puro ao grande templo. Pode afrontar o imenso. Despojou-se de todas as pequenices, como o carneiro deixa lã por onde passa. Assim, as penas, as aflições, os sofrimentos, as laboriosas ascensões arrancaram-lhe a impureza que antes tinha.

Ao voltar a empreender a marcha, sente-se mais seguro, animado. Não é mais um mendigo que chega ante um palácio. É um eleito tomando posse do posto que lhe cabe e ao qual foi designado. Já não se sente pequeno, já está gostando, subiu uma nova escala. Já não voltará as cordilheiras medianas, não tem nenhum desejo de começar a monótona subida e descida de montanhas. Chegou ao mais alto grau de nosso mundo.

A planície desapareceu a tempo, sob o espesso mar de nuvens. A atmosfera é de tal sutileza que parece inexistente. O frio deve ser muito forte mas não sente. Seu estômago deve estar vazio, mas não sente fome de alimento material. O céu de um azul invisível, tão sereno, tão aprazível, alimenta sua alma de um imenso desejo de absoluto, de uma volição mística de plenitude e aniquilamento, de completa liberação, de paz. Seus braços se abrem como asas.

A pura e branca neve acolhe e conserva o leve colo da crisálida de onde saiu a mariposa como um testemunho da existência de uma alma predestinada que chegou a despojar-se de seus erros e de suas ilusões.

Tudo isso foi vivido antecipadamente, foi visto sobre a imensa rota que se estende ante ele, interminavelmente. Mas, por sua própria culpa, ele não reconhece. Encontra-se, ainda, entre as garras do monstro social, inferno do qual não tem o valor de liberar-se, não querem permitir que ninguém se emancipe. Somos escravos! Mas vocês devem ser, também, demasiado envelhecidos por escalar os cumes. Esforçam-se para baixar a seu nível, a todos os que estão acima dele. Alcançam as vezes o que querem . De verdade, eles ao menos crêem.

O elefante renuncia ter progenitura no cativeiro. A lhama se deita e se deixa morrer quando o índio a maltrata. O verdadeiro homem livre suporta fleumaticamente as torturas mais terríveis e não se rebaixa nunca a pedir a vida. O albatroz toca o solo apenas que para morrer. A andorinha morre no cativeiro como a águia e todos os seres com instintos livres.

A tuberculose, o câncer, a sífilis, as guerras, tudo isto, as pessoas chamam de calamidade.

Não será que sua extensão provém do despotismo governamental e social, que pela primeira vez na história dos povos de nosso planeta pretende controlar, registrar, dirigir e submeter a suas leis e caprichos todos os seres viventes na terra.?

Hum! Uma sociedade que até pretende dominar a natureza e violar as leis cósmicas! Todas essas pretendidas calamidades e constatação feita com freqüência de que os melhores se vão, não são acaso indícios de que a terra está cada vez mais inóspita para a evolução das almas de elite?

Os abutres foram abatidos sobre o globo e dizem: "Dominamos o mundo, escravizamos ainda a natureza". No entanto, o sol continua resplandecente. O grão de areia que representa para a nossa terra um átomo entre os átomos, não mudou, a vida continua seu curso eternamente, nada mudou, as almas continuam suas evoluções. Cada um na ilusão da matéria se liberam. Logo voltam a ceder a atração inferior, circulam de uma experiência a outra, chegam, se perdem, caem na escuridão. Se encolhem e se sujeitam a corpos estreitos. Se entorpecem com desejos grosseiros. Sofrem, gemem, choram, se regeneram, expiam suas faltas, se purificam, para finalmente reintegrar-se no todo de onde pretendia separa-se.

Pois sim, nosso homem encontrou muita gente sobre seu caminho. Amigos, almas caridosas, bons conselheiros, simpatias, mas quantos semblantes falsos. Deus Meu! Quantas vezes sua alma cândida, ingênua, inocente e humilde, consciente de sua baixeza e iniqüidade.

Quantas vezes acreditou ter encontrado almas superiores, caridosas, compassivas, maternais e fraternais!

Quantas vezes olhou o mundo através de seus olhos limpos, claros, transparente!

Quantas vezes julgou seu próximo como um semelhante seu, tão honesto, tão profundo, tão comunicativo e tão generoso como ele!

Quantas vezes crê-se indigno das boas palavras que prodigavam a pessoas de aspectos superiores!

Quantas vezes confesso, se rebaixou, se humilhou, exagerando suas faltas, suas fraquezas, seus pecados!

Quantas vezes confiou completamente, levando até acusar-se de falsidades e seu ardente desejo de purificação!

Pobre alma extraviada, violento de palavra, alguns o acusavam de ódio, de violência e de maldade, porque se inquietava exteriormente contra a espantosa injustiça dos homens, gritando-lhes injúrias contra sua falsidade e sua hipocrisia. Parecia um ouriço, um osso, um elefante, algo de terrível aparência.

Os outros lhe falavam com tanta simplicidade e doce persuasão, com argumentos tão sentimentais, que seus propósitos revolucionários lhe faziam ruborizar. Eram tão doces, tão suaves, tão ternos e tão afetuosos em suas palavras. Esses magníficos gatos estavam cheios de indulgência para tudo e para todos. Ternura aparente!!!

` Quantas vezes as ovelhas caem, debaixo do cochilo dos homens, reis da criação, sob as garras de tigres, reis da floresta!

Quantas lágrimas e quantas sublevações antes de chegar a compreender que este mundo, este átomo, não é mais que uma insignificante estação sobre a rota infinita da evolução!

Quantos dilaceramento antes de compreender que todos estes micróbios bípedes não têm nenhuma importância mais que a seus próprios olhos!

Enquanto trabalhem contra o organismo no qual estão alojados, estão condenados ao aniquilamento, mas se trabalham pela edificação do edifício comum, então vivem o pelo e único sentido da vida. Para um micróbio que quer participar na vida de um organismo, a importância não está nos demais micróbios, senão no organismo mesmo que é a vida.

A terra recebe a vida do sol e não de outro planeta.

Cristãos, católicos, protestantes, adventistas, anarquistas, comunistas, naturistas, idealistas, martinistas, rosacruses, mações, de todas as cores, de todos os títulos, de todas as bandeiras, de todas as apelações, mestres, ministros, todos seja qual for, pretendem representar a verdadeira Via da Verdadeira Vida.

Mas um título, um etiqueta, um templo, uma comunidade, uma seita podem abarcar o ilimitado?

O que esperam para reunir seus esforços se são verdadeiramente sinceros? Na colmeia não existe uma hierarquia, só existe trabalho.

Finalmente, conseguiu compreender que sobre esta terra não tem lugar para sentimentos puros, íntegros, precisamente espirituais, algo da terra se mistura sempre neles, por isso renunciou aos compromissos e aos amores deste mundo.

Mas isso não foi fácil em sua aguda sensibilidade, seu coração expansivo e afetuoso, sua alma emotiva gerava amigos e amigas, tinha a esperança de encontrar uma jovem de gostos nômades, sã, fresca e simples, que fosse sua companheira eterna de viagem. Outra metade de sua alma cuja união lhe completaria, lhe equilibraria, lhe integraria a planos superiores, lhe restituiria sua integridade inicial. E compreendo que é isso que ele necessita: encontrar sua outra metade.

Sobre esta terra não há mais que médio seres, que antes de serem crucificados estavam inteiros e que não podem pretender liberar-se desse mundo de sofrimentos até depois de haver reconstruído sua antiga integridade.

O corpo é a prova visível de nosso erro, de nossa ignorância e extravio. Se há sofrimento é que há desequilíbrio, erro, ilusão.

O corpo é sofrimento, porque nosso ser real não é compatível com ele. Enquanto nos amamos as sensações, somos prisioneiros de uma vida carnal. O corpo é a prova de nossos erros, é o castigo de nossas faltas. Se temos prazeres e alegrias com ele, se vivemos para ele, se os sentidos nos subjugam, então, quando esse corpo desaparece, ficaremos ainda ligados a esse mundo de apetites, de lutas, de rivalidades, de lágrimas, de sangue e de morte.

Lado B


Torno-lhe a repetir, Adão não precisava de seu corpo físico. Da Luz astral precisava para o cumprimento da sua missão, porque este corpo corresponde à região cósmica onde se elaboram todas as formas, onde se efetuam todas as transformações essenciais dos indivíduos terrestres. Onde reina as forças de direção, encarregadas de separar o bem do mal, o ser do não ser e tudo que nega o ser.


Meditações

O sofrimento é devido ao apego, de ilusões que se concede a esse mundo de aparências. A felicidade se encontra mais além das misérias desse mundo. Então, nenhuma amargura. Os homens têm poder em relação ao apego das coisas da terra, mas são impotentes ante a serenidade interior. O espírito Luz não pode de nenhum modo deixar-se devorar pela escuridão.

Deus, esse Deus dos vivos, que mora no que é mortal. Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Pereça esse corpo mortal e todos seus vãos apegos, às coisas perecíveis e transitórias. Pereçam as ilusões que nos fazem tomar a sério o mundo do espelhismos. Pereçam nossos desejos insensatos e perpetuamente mutantes. Pereçam nossa sede de viver na carne e nesse mundo de dor. Decepções contínuas, enquanto nos apoiamos no mundo exterior. Novos desgastes, enquanto nos deixamos cair na armadilha deste cinema quando afeta a imagem sedutora.

Bendita seja a dor que nos desperta deste sonho. Bendita sejam as provas que nos tiram deste mundo de sonhos. Bendito sejam os pesadelos que nos despertam à verdadeira Vida Eterna, à Vida do Espírito.

Meu corpo se subleva sob o julgo, mas não importa. Queira ou não queira deve submeter-se. É demasiado ignorante e demasiado profissional para pretender ser escutado por mim. Que morra antes que consiga desbocar-se e arrisque a preciosa existência do ginete. Que se destrua o veículo, antes de por a vida inteligente em perigo. Nunca cabe pensar em sacrificar o eterno pelo transitório.

A dieta acelera o espírito, o corpo se afina e se faz receptivo às radiações sutis...deixa-se conduzir docilmente. Volta a por-se em seu verdadeiro posto, volta a seu verdadeiro papel de fiel e obediente servidor da alma.

Todas suas forças se consagram unicamente ao progresso do que lhe habita e lhe anima. Não se atreve mais a manifestar sua cega e instintiva vontade de animal impulsivo, sensual e instável. Tem consciência de sua indignidade e se sente cheio de humilhação ante a nobreza do espírito que descendeu até a mesquinha pequenez. Livrado da ilusão da identificação, o ginete volta a encontrar a alegria da liberdade, da independência, da força livre e cheia de consciência.

Então os mequetrefes e os “perrilhos” que ladram a seu passo não lhe fazem voltar mais a cabeça, nem os outros cavalos lhe interessam mais. As vezes os outros ginetes passam sem que ele os olhe. Nenhum orgulho, nenhuma afetação. Seu olhar está fascinado pelo esplendor tão profundo do céu que domina. Sorri tão profundamente, que nem sequer sente sua nervosa cavalgadura, afinada pela dura disciplina a que lhe foi submetido.

Que importa uma mãe, uma esposa, uns amigos, uma pátria, uma casa, uma segurança material qualquer!

Mesmo a saúde não se encontra varrida como uma folha quando chega sua hora?

Por que dá importância a todas as aspas deste mundo? Confiança no toda e na pétala, a partícula, o átomo e elétron mesmo não poderão ser perturbados na essência Eterna.

O mundo decrépito se desmorona. O que se apega à matéria se reduz a poeira com ela. Uma civilização de ferro velho, de dinheiro, de finanças, de interesses pessoais, de ambições egoístas, de dominação de violência. Não é mais que um teatro, uma caricatura, uma desordem dissolvente.

Quando a astúcia e a intriga triunfam sobre as virtudes, a consciência, a generosidade, então o espírito fastiado abandona o corpo a sua decadência e volta ao limo informe e fecundo para novas experiências.

Uma civilização de gozo e ouro atola e se apaga. Que importa!!! A Luz Eterna do Espírito não se encontra por isso diminuída nem sequer atenuada. Ela é tudo, o absoluto, o ilimitado.

Ela vem por um tempo ao vegetal, ao animal, ao homem e aos seres que crescem na experiência e perdem sucessivamente as formas, cumprindo o seu ciclo de crescimento e de diminuição.

A primavera, o outono, o fluxo e o refluxo. A noite e o dia. A Lua crescente e minguante. Verão enterrado e ressuscitado. Folhas secas e brotos nascentes, inundações e vulcões. A serpente de pedra gritava a soltar-se e sente-se renovada como a árvore em seu novo corte. Depois de haver-se recolhido em seu casulo, a lagarta inválida se metamorfoseou em uma esplêndida borboleta ébria de Sol.

Morte da forma substância. Nascimento do espírito essência. Nascimento!!!

O círculo tem um começo e um fim?

Morte!!!

O Sol nasceu esta manhã?

Morreu a noite?

Haverá o eterno, o vivo por ele mesmo?

Eu Sou O Que sou, Deus.

Os Deuses, o começo e o fim, Alfa e Ómega. A força que cria e a força que destrói. A potência que protege e a que castiga. O infinitamente pequeno e o todo invisível. Três pessoas em um só Deus.

Permita que os insensatos matem-se entre eles. Prejudicarem-se, destruírem-se, que se sujem de sangue e de dejetos. Deixa as bestas com as bestas. Deixa que os mortos enterrem seus mortos. Deixa a sombra com as sombras. Deixa o louco correr a sua perdição. Deixa o orgulhoso proclamar sua força. Deixa o avaro esconder seu tesouro. Deixa o violento golpear suas âncoras. Nenhum escapará à colheita que semearam.

O trabalhador é digno de seu salário.

O que são uns anos de tua miserável existência na eternidade do tempo?

O que lhe importa a injustiça aparente e provisória de alguns anos?

O que lhe importa ser roubado, golpeado, estar com fome, tremendo de frio, sem refúgio, sem cama, sem carinho?

O que lhe importa que o fruto de suas penas, de suas privações, de seus sacrifícios, de seu trabalho lhe seja arrebatado em nome da lei? Em nome da justiça dos homens!!!

O que lhe importa se você é traído por seus semelhantes?

O que lhe importa ser depreciado, traído e abandonado?

O que lhe importa se lhe tiram sua túnica? Dá-lhes também seu abrigo e pede a Deus que se apiede da imbecilidade e perdoe o crime dos insensatos. À vista do mundo foi construída uma reputação, uma fachada de sabedoria e respeitabilidade. São perdoáveis por levarem-se eles mesmos a sério. Como vai conhecer um estúpido sua imbecilidade, se deixa o seu orgulho e ambição reinar neste mundo?

Já tem sua recompensa. Que se cobrem comodamente e despojem o inocente. Sentem-se fortes em manadas, como os lobos, e se embriagam com seus próprios alaridos, seus copiosos banquetes, seu conforto, sua segurança social repleta de garantias, de contratos, de documentos legalizados, solidamente sustentados por apoios, por aprovações, por consagrações administrativas, conforme às regras de bons costumes da gente de bem, enriquecida e respeitavelmente classificada em uma sociedade solidamente sedimentada.

Toda essa força hierárquica não os considera como os melhores representantes de uma civilização bem ordenada?

Se existem corações ou sentimentos particulares, ou indivíduos débeis fora de casta que se encontrem rechaçados ou esmagados, não é culpa deles. É a sociedade que é constituída assim!

Glória aos fortes, aos poderosos, aos vencedores, aos que sabem habilmente unir-se para dominar, para aumentar seus bens.

Ai dos tolos solitários, que confiam na justiça de suas consciências.

Ai dos que não se inclinam ante a justiça dos homens.

Desprezados, desterrados, expulsos, reprimidos... Jesus Cristo foi também um deles. Ele não se submeteu às leis dos homens. Seu exemplo sublime ultrapassa a sabedoria humana.

Tolerar tudo dos homens para merecer tudo de Deus. E não é um engano?

O engano é o pacto que a gente boa aceita.

Eu quis trabalhar arduamente no nosso mundo de comerciantes. Quis ganhar dinheiro, economizar, privar-me da alegrias mais elementares e mais legítimas. Jamais um afeto, nem um lar, nem relaxamento, nem distrações, nem boa comida, nem boa bebida, nem amigos, nem segurança, vida errante contínua, trabalhos servis e as piores retribuições e as vezes até não retribuído.

Desejo de instruir-me, de educar-me, buscas incansáveis, meditações persistentes para penetrar no mistério do sofrimento, da dor, das penas e do isolamento.

O que pode ter um patrão desse indigente?

Depois da armadilha mercantilista das fronteiras, a polícia ativa contra o errante. A lei agitando a espada contra o esfarrapado que treme de frio e febre. “Veio para caçar leões?”, disse humoristicamente um respeitável comissário da polícia que sacrificara todos seus bens para tentar viver independente, só numa terra pantanosa, vendida demasiado cara por um hábil grupo de negociantes que designaram a uma terra não cultiváveis o sedutor título de lotes. Roubo hábil do estado contra o qual o infeliz não é mais que um carneiro, para produzir lã e para derramar seu sangue quando o interesse dos industriais declara que a pátria está sobre perigo. Estava sancionada por leis decretadas pelos detentores do poder.

Os mais fortes e os mais hábeis se impõem ao governo e presidem à constituição das leis, evidentemente eleitos para consolidar seus privilégios.

O direito do mais forte é a base essencial da sociedade, mas os corações puros assim como os passarinhos, as cigarras, os grilos e as borboletas cantam eternamente a Glória da vida, dos céus e do Criador.

A ambição e os crimes dos homens passam, seus corpos desaparecem e ninguém se lembra deles, nem os pássaros, nem o Céu. Mas o Sol brilhará eternamente.

O campo eterno vibra regularmente no infinito. O dia sucede à noite, o verão ao inverno, o nascimento à morte.

O homem diz: “Eu sou o Amo”. Mas se lamenta quando lhe falta manteiga no pão, pimenta no molho, sabão para lavar-se. Quando se ver obrigado a sacrificar uma hora de descanso. Não contente de suas necessidades, se subjuga voluntariamente a vícios, que o degradam abaixo do animal, e cantam vitória entre o soluço e a bebedeira. Para ser considerado pelos poderosos é capaz de trais seu melhor amigo, sua companheira, seu irmão e sua mãe.

Sua segurança material parece-lhe digna de todas as traições, de todas as covardias.

Bem enfeitado, bem apertado em estreitas roupas, dispostos a tudo para obter uma distinção, uma gratificação, um título de superioridade, se preocupa até a tortura de disfarçar sua baixa animalidade sob uma ostentosa distinção, se adorna como cortesão. Pinta o rosto como doente lívido.

O mundo chegou a ser um foco de hipocrisia, de duplicidade, eterno ciclo de ação e reação, de valor e de covardia. Uma nação inteira prostituindo-se com um acolhedor sorriso de cortesã. Complacência mostrada ao ar livre. Depois, a ambição egoísta dos indivíduos, precipitando-se na cabeça dos partidos ou afundando novos para ter neles um papel preponderante. Proteções, cumplicidades, publicidade para as consciências complacentes.

Sórdidas conspirações para governar, manobrar, atuar sobre as finanças, a indústria, o comércio, as multidões. Especulando sobre avidez, o ódio, a inveja. Imprimindo falsas divisas. Reagindo e requerendo aqui para voltar e vender mais longe a preços quintuplicados. Decretando penúria e armazenamento tão meticuloso, que os amontoados de mercadoria se deterioram e se perdem. Eriçando as fronteiras com redes finas e apertadas e parecendo ignorar as transgressões previstas de selos oficiais e governamentais que encobrem a grande indústria, os bancos e a alta finança.

Funcionários pequenos, miseráveis servis, mesquinhos, famintos como peões, ignaros e altos funcionários, amos absolutos, árbitros temíveis que controlam o alto tráfico. Homens bem protegidos, invulneráveis.

Grande publicidade de depuração, agradando os fraudulentos e outros minúsculos. Espetaculares chamadas ao sacrifício, ao trabalho, à abnegação e ao patriotismo, mas cada um saciando-se em todos os prazeres. Grandes traições encobertas com a armadura da virtude e da incorruptibilidade.

Os fortes, os poderosos, os que proclamam sua honra e sua abnegação, quase seu puritanismo, em nome de uma lei toda poderosa e sem recurso, acabam de despojar as ruínas e os farrapos que se aderem às débeis garras dos pequenos e dos obscuros.

O rebanho pretende conservar ainda um pouco de lã, mas afortunadamente a lei é forte e bem servida, não se deixa abrandar.

Ademais a culpa é da época que atravessamos e não de nossos abnegados representantes no poder. Depois de uma guerra tão terrível, poderia ser pior.

Os comunistas dizem: “Não queremos Deus em nossas escolas”. Os católicos dizem: “Os comunistas são uns demônios e uns assassinos”. Curiosa época, verdadeiramente!

Karl Marx não glorificou a esplêndida dignidade humana, sua fraternidade, sua união, sua elevação, não prescreveu a riqueza pessoal, a exploração dos humildes e dos fracos, não predicou o sacrifício, a ajuda mútua por exemplo? Não venerou a unidade fraternal de todos os homens fora de todo privilégio, de todo despotismo, de toda crueldade, de toda injustiça, de toda casta?

Jesus Cristo não havia dito: “Bem aventurado os humildes e os oprimidos, aqueles que se crêem maior entre vós, serve a seus semelhantes.” “É mais fácil que um camelo passe pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no céu”. “Não há que levar mais que uma só túnica, não se preocupe pelo amanhã.”

Então, por que discípulos de Marx suprimem Deus?

Porque os admiradores de Jesus se matam entre si por questões políticas deste mundo?

Cristo disse: “Sois todos irmãos”.

Em último recurso o ser humano se aproxima sem empedimento a Deus, mas estão lhe faz falta cerimônias pomposas, uma religião grandiosa, pedrarias, riqueza, grande apresentação.

Os lobos e os zorros têm guaridas, mas o Filho do Homem não tem onde repousar sua cabeça. Já chega! Não o ouvi! Dizem “Não”. Hipócritas e covardes que vocês são! O orgulho unicamente os fazem viver. Predicam virtudes, praticando o vício; a verdade, enganando; praticam doçura, violentando; a bondade, assassinando. Víboras. Assassinos. Seus alaridos não enganam ninguém. Nem sequer a si mesmos.

Mas não se preocupem, a grande apuração já se aproxima, sua própria desordem vai purificá-los e triturar a sua vaidade, gritarão uma vez mais: Injustiça! Mas ouvirão o eco de si mesmo: Justiça! Enquanto mais gritem, mais ouvirão!

Karl Marx, discípulo de Jesus, foi um reformador, ou seja um regenerador como todos os profetas.

Krishna veio para restituir a sua pureza inicial, a Divina Doutrina Védica.

Buda veio, por sua vez, uma vez mais quando iam matar o Espírito da Lei.

Jesus veio também não para abolir a Lei, senão para cumpri-la.

Moisés trouxe já Lei da Justiça.

Rama Krishna, Bidekananga, Gandhi, Maha Majachi, Majarichi.

Em cada momento grave de queda, de escuridão, de esquecimento, nasce um salvador, um messias, um ungido, um mensageiro à medida do povo decadente.

Cada país como cada época tem seu salvador encarnado, à sua medida, ao seu temperamento, aos seus costumes, às suas limitações, à sua compreensão.

Simples, puro, claro, natural, desapegado, livre, cheio de compaixão. Ele insufla a vida Eterna, traz a força de cima. É o transmutador do sublime, humaniza o divino e diviniza o homem.

Os homens criam capelas, seitas, partidos, ostracismo, pátria, fanatismo, barreiras, fronteiras.

Ele, o Filho do Homem, anuncia “Sois todos Irmãos. A vida é Una. Ama-os uns aos outros, não declare impura nenhuma das coisas criadas por Deus”.

Ainda o julgamento dos homens perversos é pesado de levar. O pensador e o homem de coração se afligem ao ver a miséria do homem que oprime a seus semelhantes. Miséria e dor é a existência, sofrimento e dor são inseparáveis do mundo das sensações.

Temos pois que extirpar o desejo! Descartá-lo, aniquilá-lo, não deixar-lhe mais lugar, permanecer imperturbável e sereno, através das tormentas das paixões, das solicitudes, das tentações do mundo. Tranqüilo, desapegado em meio do redemoinho. Há que transmutá-lo. Há que ser silencioso, solitário, puro, imitável como um lago na montanha.

Censura, elogio, amor, ódio, prazer, angústia, tumultuo, abandono, fome, miséria, prisão, doença, devem ser considerados como os furacões, o granizo e a neve precipitando-se sobre as rocas sem outros resultados, que o polir os ângulos e o de arredondar os contornos. Estes são exercícios de persecução: afinarmos e polirmos.

Os países das máquinas, da finança, da indústria, dos prazeres ruidosos e da violência, estão considerados como inesgotáveis mananciais de amargura, de crimes, de lágrimas e sangue.

Então, abandone definitivamente seus preconceitos e seus costumes. Afaste para sempre os olhos e o pensamento de suas pérfidas seduções, de suas hábeis mentiras e das falsas grandezas.

Pátria, moral, religião, leis, ética, direitos, deveres. Cortar e separ-se. Buscar o ensinamento e a companhia dos verdadeiros sábios, os que são refratários às debilidades das multidões. Os que se bastam com algumas frutas, com farrapos e um sleep. Os que se lavam em um rio, que socorrem os desgraçados e que não despertam nenhuma cobiça aos invejosos. Aos que permanecem serenos ante às maiores seduções da carne, da fortuna, que saibam calar e viver solitários, que amam todos os seres sem distinção de raça, credo ou classe. Que considerem toda criação como um magnífico jardim de variadas flores que contribuem por si só à harmoniosa beleza do conjunto.

A sabedoria está naqueles que têm a sorte de amar e gozar plenamente. De não ter desejo de cobiça, sujeições, nem ódio, inveja, nem arrependimento do passado, nem vãs esperanças do futuro. Os que se deleitam na contemplação das maravilhas da criação, fora das hordas sacrílegas dos homens.

Os homens derrotam suas forças para fazer um lugar na sombra, defende seus bens, se preocupa por uma família, por uma situação, pelo futuro dos filhos e depois tudo acaba seis pés debaixo da terra. No momento de deixar tudo, dá-se conta que nada foi realmente dele, e que não foi possível gozar nada, devido ao pensamentos envenenado pelas rivalidade, invejas dos outros e as inquietudes contínuas.

Enquanto busquemos a felicidade neste mundo, onde tudo é transitório, fugitivo, passageiro, iremos de decepção em decepção, e persistirmos apesar de tudo em desejar o estável no domínio do instável. Enquanto você creia haver chegado à paz ou à alegria, nos veremos frustrados inexoravelmente do fruto de nossos penosos esforços.

Chega a velhice e a hora da morte, então, nos damos conta de que nossa vã existência de agitação e de pesares não foram mais que um engano. Temos percorrido atrás de vãos espelhismos que não existiam mais que em nossa própria mente ou em nossa própria imaginação.

Nosso pensamento nos lançou em um mundo artificial, inexistente no que com essa presunção temos acreditado ter um papel preponderante com plenitude e serenidade.